sábado, 16 de abril de 2011

MOVIMENTO OPERÁRIO NO BRASIL



MOVIMENTO OPERÁRIO NO BRASIL
Em 1917 eclodiu no Brasil a manifestação operária de impacto nacional orientada por organizações sindicais e partidos operários. O movimento não tinha caráter apenas reivindicatório, mas também revolucionário, ou seja, visava a transformação do sistema de governo. A greve geral de 1917 conseguiu paralisar São Paulo e o Rio de Janeiro e obter o atendimento de grande parte das reivindicações. Deu ânimo aos movimentos operários. Nos quatro anos seguintes, greves parciais pipocaram em diversas cidades brasileiras.
A greve geral ocorreu num momento peculiar: em meio à I Guerra Mundial, no mesmo ano em que a Revolução Russa chocava o mundo e poucos meses antes da implantação do regime socialista na Rússia. No Brasil, não foi a primeira greve; desde 1889, ocorreram vários movimentos parciais, restritos a determinadas fábricas e oficinas, em geral motivados por reivindicações econômicas. Ainda que esparsas, essas tentativas contribuíram para a organização de um movimento operário: em 1890 foi fundado o Partido Operário e, no ano seguinte, o Partido Anarquista. Até 1920, os anarquistas dominaram os movimentos e organizações operárias; elas eram fortes na Espanha e na Itália, países de origem de um grande número de imigrantes.
O movimento operário foi crescendo à medida que aumentava a industrialização do país. Em seus primórdios, esta se deu em condições bastantes desfavoráveis para os trabalhadores: a remuneração do trabalho era reduzida sempre que as empresas enfrentavam alguma crise ou sempre que havia muita oferta de mão-de-obra; as condições de trabalho eram extremamente precárias e as jornadas muito longas, mesmo para crianças; não havia nenhum tipo de previdência social; os salários eram baixos.
A greve de 1917 começou em São Paulo entre os operários de uma fábrica têxtil que reivindicavam aumento de 20% nos salários. A partir daí foi ganhando a adesão de outros trabalhadores, já que pela primeira vez unificaram-se as reivindicações. Um mês depois já eram 20 mil os grevistas, combatidos com violência pela polícia, o que só fez aumentar a solidariedade de outros trabalhadores. Bondes, iluminação, padarias, comércio em geral, todos esses setores aderiram, e a burguesia paulistana foi tomada pelo pânico. A radicalização aumentou de parte a parte e a greve só foi suspensa no dia 15 de julho, depois que uma comissão de jornalista resolveu servir de intermediária, promovendo um acordo em que os operários conseguiram seus intentos.
Em termos, pois quatro dias depois recomeçou a agitação, uma vez que muitos patrões não cumpriram o acordo. Dessa vez, as paralisações não se limitaram a São Paulo e pipocaram no Rio de Janeiro, em Curitiba e muitas outras cidades. Em agosto havia 70 mil grevistas por todo o país, número extremamente alto quando se considera o número reduzido de operários industriais no Brasil de então. Nos dois anos seguintes, as greves foram ainda uma constante, mas pouco a pouco o movimento foi perdendo o ímpeto. A partir de 1922, os movimentos reivindicatórios passaram a ser feitos por outros que não operários, com o crescimento das sedições políticas de caráter nacional.
A primeira greve operária conhecida entre nós (vitoriosa por sinal) ocorreu em 1858 no Rio de Janeiro, e mobilizou os tipógrafos dos jornais Correio Mercantil e Jornal do Comércio.
No plano estritamente social, alguns levantamentos apontam para a ocorrência de 41 manifestações operárias no Rio de Janeiro entre 1908 e 1916. Essas ações, capitaneadas sobretudo pelos trabalhadores de origem anarquista, galvanizava os operários têxteis, gráficos, marmoristas, cafés e bares. O movimento de 1917 resulta justamente do acúmulo de forças realizado nos anos anteriores.

TEMPOS MODERNOS
(Milton Nascimento e Fernando Brant)
O Brasil dos novecentos
é terra de novidade.
Automóvel e cinema
tomam conta da cidade
que cresce ouvindo disco
voando de aeroplano
trabalhando lá na fábrica
ou jogando futebol

A greve invade as ruas
toma conta de São Paulo
e o sonho anarquista
se mistura a outros sonhos:
o que segue com a Coluna
riscando o chão do país
e o que vira modernista
e faz a arte feliz
A liberdade e o novo
convivem no sonho do povo.

Versos distribuídos nas fábricas, sem indicação de autor, publicados no jornal “A Plebe”:
Quem de três tira noventa
Adivinhem quanto fica?
Esta conta é que atormenta
Que enfeza, que mortifica
Os pobres dos proletários.
Neste jogo de entremez
Ganham seis mil réis diários
Gastam trezentos por mês (...)
Custa a casa cento e tantos,
O sapato custa trinta
Roupa, nem se sabe quantos
O vendeiro não se finta (...)
A feira só para os ricos
O armazém para os ricaços
Se houvesse ao menos uns “bicos”
Tivéssemos quatro braços ...
Trabalha-se o dia inteiro,
À noite cai-se no chão.
Esta vida sem dinheiro
Não é de fome, é de cão!
Postado por MOVIMENTO CULTURAL

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