domingo, 19 de abril de 2009

OS OPERÁRIOS NO SÉCULO XVIII



Com a concentração de indústrias e fusão das pequenas oficinas alimentadas pelo fenômeno da competição, grandes contingentes de operários passaram a trabalhar juntos, durante as jornadas diárias de trabalho, que se estendiam por 12 ou 13 horas de labor, dentro de condições ambientais perigosas e insalubres, provocando acidentes e doenças em larga escala. O crescimento industrial era improvisado e totalmente baseado no empirismo, uma vez que a situação era totalmente nova e desconhecida.
Ao mesmo tempo em que intensa migração de mão-de-obra se desenvolvia dos campos agrícolas para os centros industriais, surge um surto acelerado de urbanização, também sem nenhum planejamento ou orientação.
Ao mesmo tempo em que o capitalismo se consolida, cresce o volume de uma nova classe social: o proletariado. As transações se multiplicam e a demanda de mão-de-obra nas minas, nas usinas siderúrgicas e nas fábricas aumenta substancialmente. Com isso, os proprietários passam a enfrentar os novos problemas de gerência, improvisando suas decisões e sofrendo os erros de administração ou de uma nascente tecnologia. Obviamente esses erros, em muitos casos, eram cobertos pela mínima paga aos trabalhadores, cujos salários eram baixíssimos.
A par do baixo padrão de vida, da promiscuidade nas fábricas e dos tremendos riscos de graves acidentes, o longo período de trabalho em conjunto permitia uma interação mais estreita entre os trabalhadores e uma crescente conscientização da precariedade de suas condições de vida e de trabalho e da intensa exploração por uma classe social economicamente melhor favorecida.
As primeiras tensões entre a classe operária e os proprietários de indústrias não tardaram a aparecer. Os próprios Estados passaram a intervir em alguns aspectos das relações entre operários e fábricas, baixando algumas leis trabalhistas. Em 1802, o governo inglês sanciona uma lei protegendo a saúde dos trabalhadores nas indústrias têxteis. A fiscalização do cumprimento dessa lei era feita voluntariamente pelos pastores protestantes e juizes locais. Outras leis esparsas são impostas aos poucos, na medida em que os problemas vão se agravando.
Com a nova tecnologia dos processos de produção e da construção e funcionamento das máquinas, com a crescente legislação que procura defender e proteger a saúde e a integridade física do trabalhador e, conseqüentemente, da coletividade, a administração e a gerência das empresas industriais passaram a ser a preocupação permanente dos seus proprietários. A prática foi lentamente ajudando a selecionar idéias e métodos empíricos. Ao invés de pequenos grupos de aprendizes e artesãos dirigidos por mestres habilitados, o problema agora era o de dirigir batalhões de operários da nova classe proletária que se criou. Ao invés de instrumentos rudimentares de trabalho manual, o problema era o de operar máquinas, cuja complexidade aumentava. Os produtos passaram a ser elaborados em operações parciais que se sucediam, cada uma delas entregue a um grupo de operários especializados em tarefas específicas, estranhos quase sempre às demais outras operações, ignorando até a finalidade da peça ou da tarefa que estavam executando.
Essa nova situação contribuiu para apagar da mente do operário o veículo social mais intenso, ou seja, o sentimento de estar produzindo e contribuindo para o bem da sociedade. O capitalista passou a distanciar-se dos seus operários e a considerá-los uma enorme massa anônima, ao mesmo tempo em que os agrupamentos sociais, mais condensados nas empresas, geravam problemas sociais e reivindicativos, ao lado de outros problemas de rendimento do trabalho e do equipamento que necessitavam de uma rápida e adequada solução. A principal preocupação dos empresários se fixava logicamente na melhoria dos aspectos mecânicos e tecnológicos da produção, com o objetivo de produzir quantidades maiores de produtos melhores e de menor custo. A gestão do pessoal e a coordenação do esforço produtivo eram aspectos de pouca ou nenhuma importância.
Assim, a Revolução Industrial, embora tenha provocado uma profunda modificação na estrutura empresarial e econômica da época, não chegou a influenciar diretamente os princípios de administração das empresas então utilizados. Alguns empresários baseavam as suas decisões em modelos as organizações militares ou eclesiásticas bem-sucedidas nos séculos anteriores.A utilização capitalista das máquinas no sistema fabril intensifica o caráter social do trabalho, implicando em:
a) ritmos rígidos;
b) normas de comportamento estritas;
c)maior interdependência mútua.
A máquina impõe como absolutamente necessário o caráter cooperativo do trabalho, a necessidade de uma regulação social. Porém, o uso capitalista das máquinas leva a uma direção autoritária, à regulamentação administrativa sobre o operário, tendo em vista a extorsão da mais-valia pelos membros do quadro administrativo, executivos, diretores, supervisores, capatazes.
Os patrões conseguem fazer passar por simples regulamentação social o que na realidade é o seu código autoritário. Direção autoritária é objetivo capitalista que, pela chamada "racionalização do trabalho" e controle do comportamento do operário, define as garantias da cooperação. Para obter cooperação na indústria, as funções diretivas transformam-se de normas de controle em normas de repressão.
A principal conseqüência disto tudo é que a organização e a empresa modernas nasceram com a Revolução Industrial, graças a um grande número de fatores, dentre os quais podemos destacar principalmente:
a) a ruptura das estruturas corporativas da Idade Média;
b) o avanço tecnológico, graças às aplicações dos progressos científicos à produção, com a descoberta de novas formas de energia e a possibilidade de uma enorme ampliação de mercados;
c) a substituição do trabalho artesanal pelo trabalho de tipo industrial.
Fonte: Unimep

Um comentário:

Anônimo disse...

muito legal