domingo, 20 de março de 2011

Técnica para evitar o pior




"Os japoneses aprenderam a conviver com a realidade de que habitam um país propenso a desastres naturais. Além de terremotos e tsunamis, como os da sexta-feira passada, são frequentes os tufões e as erupções vulcânicas.
Para minorar os efeitos dos terremotos, e dos tsunamis, o Japão trabalha em duas frentes - a da tecnologia e a da orientação à população. Diante das centenas de morres provocadas pelo desastre de sexta-feira, e das imagens aterrorizantes de casas, carros e até aviões sendo arrastados pela enxurrada, pode-se questionar se as medidas japonesas antiterremoto são de fato eficientes. A resposta é que sim, elas são eficientes. Mas às vezes a fúria da natureza não pode ser detida pelo engenho humano.
Para evitarem que as construções se desmanchem nos terremotos e que seus destroços façam vítimas, os japoneses usam tecnologias em que os prédios são separados do solo por molas ou esferas deslizantes. Assim, conseguem absorver os tremores. O país tem uma legislação de construção severa, revisada duas vezes nos últimos vinte anos. Uma de suas cláusulas reza que, para erguer um edifício com mais de 13 metros de altura, o engenheiro precisa ter pelo menos dois anos de experiência e ser aprovado num teste aplicado pelo Ministério da Construção.
O treinamento da população japonesa para se proteger dos efeitos de terremotos e tsunamis é intensivo e constante. Em 1960 foi criado o Dia da Prevenção de Desastres. Todo 10 de setembro - data que lembra o maior tremor da história do país, ocorrido em 1923 -, ocorrem simulações do que fazer durante os desastres. Essas simulações incluem evacuar edifícios sem pânico, desligar os registros de gás e água, esconder-se embaixo da mesa e encontrar a saída de um ambiente em chamas. Os bombeiros e o Exército encenam ações de resgate. E tradição que o primeiro-ministro participe amplamente dos treinamentos. As grandes cidades japonesas têm centros de prevenção de desastres, que funcionam o ano inteiro e onde os cidadãos podem obter informações sobre como proceder nas emergências. No dia a dia, os japoneses são incentivados a ter em casa kits com lanterna, água, alimentos enlatados, documentos com o tipo de sangue e rádio de pilha - para receber instruções durante o desastre. Toda família japonesa sabe que, em casa, é preciso prender os móveis à parede e evitar objetos pesados em lugares altos. São providências indispensáveis para um povo que conhece de perto os humores da natureza."
Veja - 14/03/2011

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